A poesia de Mailton Rangel procura extrair da palavra o máximo de proveito, em especial, por meio de jogos sonoros, fazendo eclodir toda a semântica dos signos, dos sons e até dos silêncios representados pelos aspectos da palavra que não são explícitos no poema.
O leitor poderá perceber que essa preocupação cativa e estimula a leitura até o final de cada unidade, onde quase sempre se encontra uma mensagem forte, dura e, ao mesmo tempo, desconcertante. Um bom exemplo é o poema “Marasmo”, em que há rimas e cortes que fazem crescer o conteúdo do texto:
“...Eu construí um muro/ Respirei um ar duro/ E me esterilizei./ Olhe...que a banda da praça passa/ O novo ano novo passa.../ E o trem do amor, meu bem, atrasa,/ Porém... passa também!”
Com um grande amor pelo verso e seu limite, neste livro o poeta mostra a fidelidade à sua vocação de artífice da palavra. É onde ele cria suas verdades parciais e lança a semente capaz de proporcionar o aprendizado de sua multifacetada totalidade.
Aqui ele evidencia sua enorme preocupação com as mazelas sociais, expondo que, por isso, felicidade existe, mas só chega permeada de percalços inesperados, ou, que ela sempre insiste em florescer onde ele não se encontra, porque só se pode ser plenamente feliz quando todos o são.
Os versos de Mailton Rangel, às vezes “contundentes”, mostram que o amor deve estar sempre presente nas relações humanas, embora a conquista desse amor lhe seja sofrida, a exemplo da vela, que só ilumina com o calor do fogo que a consome.
Mailton Rangel, em suma, é um viajante de muitos momentos e de diversos lugares, sempre em busca de algo que talvez se encontre em vidas passadas ou futuras.
Melquíades Ayres de Aguirre
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