Poemaduro

Poemaduro
O que nos espera nestas páginas é um formato eclético de poesia que não se ocupa meramente em perseguir estilos predefinidos ou regras acadêmicas. Ao contrário, considerando-se que não há como se escapar aqui de algum tipo de impacto, "esbarraremos" em um poeta livre e original, que conduz sua criação, a um só tempo, com a leve candura de um colibri, mas com o vigor e a autonomia de uma águia dos desertos. Enquanto colibri, Mailton Rangel extrai de sua mais intimista subjetividade, toda uma complexidade de conteúdo com o mínimo de movimentos ou barulho, mostrando, às vezes, com as imagens e os silêncios de poucas palavras, muito mais do que os olhares displicentes possam captar. "Eu busco um lirismo forte / Uma espada / Um devaneio / E uma tocha... / Já não me espanto mais / Com flor que desabrocha / Quero um desabrochar... de rocha!" Já a águia, revela-se pela apurada acuidade visual, capaz de enxergar seus objetivos até quando distantes e camuflados sob carapaças. Isso se associa à determinação de lançar-lhes suas garras e sacudi-los, até que dali se transpareça uma essencialidade esquecida ou petrificada. "Por mim / Não existiria uma só praça / Com nome de general / Porque praça / É lugar de criança / E general que tem nome / Ainda hoje me lembra... Matança!"

Princípio do Enigmanismo

Princípio do Enigmanismo
Óleo sobre tela de Mailton Rangel

sexta-feira, 16 de março de 2012

Prefácio do livro Poemaduro


A poesia de Mailton Rangel procura extrair da palavra o máximo de proveito, em especial, por meio de jogos sonoros, fazendo eclodir toda a semântica dos signos, dos sons e até dos silêncios representados pelos aspectos da palavra que não são explícitos no poema.
O leitor poderá perceber que essa preocupação cativa e estimula a leitura até o final de cada unidade, onde quase sempre se encontra uma mensagem forte, dura e, ao mesmo tempo, desconcertante. Um bom exemplo é o poema “Marasmo”, em que há rimas e cortes que fazem crescer o conteúdo do texto:

“...Eu construí um muro/ Respirei um ar duro/ E me esterilizei./ Olhe...que a banda da praça passa/ O novo ano novo passa.../ E o trem do amor, meu bem, atrasa,/ Porém... passa também!”

Com um grande amor pelo verso e seu limite, neste livro o poeta mostra a fidelidade à sua vocação de artífice da palavra. É onde ele cria suas verdades parciais e lança a semente capaz de proporcionar o aprendizado de sua multifacetada totalidade.
Aqui ele evidencia sua enorme preocupação com as mazelas sociais, expondo que, por isso, felicidade existe, mas só chega permeada de percalços inesperados, ou, que ela sempre insiste em florescer onde ele não se encontra, porque só se pode ser plenamente feliz quando todos o são.
Os versos de Mailton Rangel, às vezes “contundentes”, mostram que o amor deve estar sempre presente nas relações humanas, embora a conquista desse amor lhe seja sofrida, a exemplo da vela, que só ilumina com o calor do fogo que a consome.

Mailton Rangel, em suma, é um viajante de muitos momentos e de diversos lugares, sempre em busca de algo que talvez se encontre em vidas passadas ou futuras.


Melquíades Ayres de Aguirre

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