Poemaduro

Poemaduro
O que nos espera nestas páginas é um formato eclético de poesia que não se ocupa meramente em perseguir estilos predefinidos ou regras acadêmicas. Ao contrário, considerando-se que não há como se escapar aqui de algum tipo de impacto, "esbarraremos" em um poeta livre e original, que conduz sua criação, a um só tempo, com a leve candura de um colibri, mas com o vigor e a autonomia de uma águia dos desertos. Enquanto colibri, Mailton Rangel extrai de sua mais intimista subjetividade, toda uma complexidade de conteúdo com o mínimo de movimentos ou barulho, mostrando, às vezes, com as imagens e os silêncios de poucas palavras, muito mais do que os olhares displicentes possam captar. "Eu busco um lirismo forte / Uma espada / Um devaneio / E uma tocha... / Já não me espanto mais / Com flor que desabrocha / Quero um desabrochar... de rocha!" Já a águia, revela-se pela apurada acuidade visual, capaz de enxergar seus objetivos até quando distantes e camuflados sob carapaças. Isso se associa à determinação de lançar-lhes suas garras e sacudi-los, até que dali se transpareça uma essencialidade esquecida ou petrificada. "Por mim / Não existiria uma só praça / Com nome de general / Porque praça / É lugar de criança / E general que tem nome / Ainda hoje me lembra... Matança!"

Princípio do Enigmanismo

Princípio do Enigmanismo
Óleo sobre tela de Mailton Rangel

segunda-feira, 19 de março de 2012

COERÊNCIAS


Dono da vida é o tempo;
Eu vago.
Dono do gozo é o afago;
Eu sonho.
Dono do sonho é o acaso;
Eu crio;
Dono do acerto é o estrago;
Eu tento!
Dono do uno é o duo;
Eu somo;
Dono do alento é o encontro;
Eu busco.
Dono do poder é o escárnio;
Eu rio.
Dono da treva é o lume;
Eu acendo!
Dono do ser é o barro;
Eu sou.
Dono da voz é o vento;
Eu falo.
Dono da paz é o encanto;
Eu canto.
Dono do vôo é o infinito...
Eu livro!


(Publicado no livro Poemaduro)
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