Poemaduro

Poemaduro
O que nos espera nestas páginas é um formato eclético de poesia que não se ocupa meramente em perseguir estilos predefinidos ou regras acadêmicas. Ao contrário, considerando-se que não há como se escapar aqui de algum tipo de impacto, "esbarraremos" em um poeta livre e original, que conduz sua criação, a um só tempo, com a leve candura de um colibri, mas com o vigor e a autonomia de uma águia dos desertos. Enquanto colibri, Mailton Rangel extrai de sua mais intimista subjetividade, toda uma complexidade de conteúdo com o mínimo de movimentos ou barulho, mostrando, às vezes, com as imagens e os silêncios de poucas palavras, muito mais do que os olhares displicentes possam captar. "Eu busco um lirismo forte / Uma espada / Um devaneio / E uma tocha... / Já não me espanto mais / Com flor que desabrocha / Quero um desabrochar... de rocha!" Já a águia, revela-se pela apurada acuidade visual, capaz de enxergar seus objetivos até quando distantes e camuflados sob carapaças. Isso se associa à determinação de lançar-lhes suas garras e sacudi-los, até que dali se transpareça uma essencialidade esquecida ou petrificada. "Por mim / Não existiria uma só praça / Com nome de general / Porque praça / É lugar de criança / E general que tem nome / Ainda hoje me lembra... Matança!"

Princípio do Enigmanismo

Princípio do Enigmanismo
Óleo sobre tela de Mailton Rangel

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Incerteza

INCERTEZA (C7+) = 31/01/1992


No ano dois mil e uns,

Agonia para alguns,

Nostalgias pr’outros tais...

Não sei se teremos sonhos,

Fome alastrada, poemas,

Endemias ou carnavais...

Nem sei se teremos água,

Oxigênio, ilusões,

Atrocidades, baleias,

Palafitas ou mansões...

E até se haverá riachos

Com peixes pra gente pescar;

Ou se restará passado

Que se possa recordar...

Não sei se haverá sorrisos,

Equipamentos precisos,

Governantes indecisos,

Oh, Senhor, não sei!

Talvez ressurja uma estrela,

No céu ou nos sentimentos,

E aconteça outro menino

Que embeleze as novidades

E apresente um mundo antigo

Renovado pelo amor;

Pode ser que um homem novo,

Um pouco mais sábio ainda,

Descubra a fraternidade

E reinvente um caminho.

Pode ser que uma canção,

Que fale da primavera,

Refloresça os corações

E desabroche o carinho,

Evitando que uns botões,

Vermelhos feito outra rosa,

Sejam calcados pelo ódio

E mandem tudo para o ar.

Não sei se insana utopia

Virando realidade,

Não sei se será a vida

Matando a brutalidade;

Não sei se será futuro,

Ou... só um presente de Deus.


(Mailton Rangel)

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