Poemaduro

Poemaduro
O que nos espera nestas páginas é um formato eclético de poesia que não se ocupa meramente em perseguir estilos predefinidos ou regras acadêmicas. Ao contrário, considerando-se que não há como se escapar aqui de algum tipo de impacto, "esbarraremos" em um poeta livre e original, que conduz sua criação, a um só tempo, com a leve candura de um colibri, mas com o vigor e a autonomia de uma águia dos desertos. Enquanto colibri, Mailton Rangel extrai de sua mais intimista subjetividade, toda uma complexidade de conteúdo com o mínimo de movimentos ou barulho, mostrando, às vezes, com as imagens e os silêncios de poucas palavras, muito mais do que os olhares displicentes possam captar. "Eu busco um lirismo forte / Uma espada / Um devaneio / E uma tocha... / Já não me espanto mais / Com flor que desabrocha / Quero um desabrochar... de rocha!" Já a águia, revela-se pela apurada acuidade visual, capaz de enxergar seus objetivos até quando distantes e camuflados sob carapaças. Isso se associa à determinação de lançar-lhes suas garras e sacudi-los, até que dali se transpareça uma essencialidade esquecida ou petrificada. "Por mim / Não existiria uma só praça / Com nome de general / Porque praça / É lugar de criança / E general que tem nome / Ainda hoje me lembra... Matança!"

Princípio do Enigmanismo

Princípio do Enigmanismo
Óleo sobre tela de Mailton Rangel

terça-feira, 27 de setembro de 2011

caminhada


CAMINHADA (G) = 1970


Misturo a chuva que me alisa o corpo

Com a alegria dos meus olhos;

Choro de felicidade

E acho a minha fome tão normal,

E só esquento a cabeça

Com razão de ser.

Estou na caminhada histórica

De uma geração do amor,

Me aqueço na lembrança

De quem me fraternizou

Eu sigo minha juventude

E tenho muito amor pra dar

Espero, nessa chuva,

Ter carinho pra me agasalhar.

Está na hora de mudar

Os rumos da razão,

Está no tempo de mudar

O mundo para melhor

Como é grande o batalhão de pessoas coisificadas

É preciso respeitar a vida, pelo amor de Deus!

Uma nação não se faz forte

Pelo sangue do seu povo;

Uma criança não agita bandeiras

Sem rumo e sem chão! (bis)

Já não podemos ver

O sangue humano que esvaiu;

Já não podemos ter os sonhos

Que a bomba estilhaçou

E nem beijar sorrindo

As frias pedras lapidais.

Preciso ser ao menos uma vela acesa

Nesta terra cheia de lâmpadas apagadas.

Nos peitos envaidecidos

De estrelinhas desbotadas,

Sanguinolentas, odiadas,

Trambolhatos de metal.

Do brilho desses astros colossais

Brilham trevas sem final

Pulso forte dos terríveis homens

De mil novecentos e tal.

****

(Letra de canção - Mailton Rangel)

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