Poemaduro

Poemaduro
O que nos espera nestas páginas é um formato eclético de poesia que não se ocupa meramente em perseguir estilos predefinidos ou regras acadêmicas. Ao contrário, considerando-se que não há como se escapar aqui de algum tipo de impacto, "esbarraremos" em um poeta livre e original, que conduz sua criação, a um só tempo, com a leve candura de um colibri, mas com o vigor e a autonomia de uma águia dos desertos. Enquanto colibri, Mailton Rangel extrai de sua mais intimista subjetividade, toda uma complexidade de conteúdo com o mínimo de movimentos ou barulho, mostrando, às vezes, com as imagens e os silêncios de poucas palavras, muito mais do que os olhares displicentes possam captar. "Eu busco um lirismo forte / Uma espada / Um devaneio / E uma tocha... / Já não me espanto mais / Com flor que desabrocha / Quero um desabrochar... de rocha!" Já a águia, revela-se pela apurada acuidade visual, capaz de enxergar seus objetivos até quando distantes e camuflados sob carapaças. Isso se associa à determinação de lançar-lhes suas garras e sacudi-los, até que dali se transpareça uma essencialidade esquecida ou petrificada. "Por mim / Não existiria uma só praça / Com nome de general / Porque praça / É lugar de criança / E general que tem nome / Ainda hoje me lembra... Matança!"

Princípio do Enigmanismo

Princípio do Enigmanismo
Óleo sobre tela de Mailton Rangel

terça-feira, 27 de setembro de 2011


SEMENTE (E7+) 22/10/1981

(1º lugar, IV Fest. Primavera. Mesquita – RJ – 31/10 e 1º/11/1981 + Publicada no livro POEMADURO)


Cadê meus sonhos

De esperar a esperança

Numa imagem de criança

Que ensaiava acontecer?!


E acontecido,

Foi trazendo lentamente

Uma dor que, sutilmente,

Me estraçalha o coração.


Cadê meus planos

De abraçar a liberdade,

Jogo-franco,

Só verdades...

Mil exemplos de amor?!


A esperança não morreu,

Mas, esquecida,

Se ausentou da minha vida,

Se apagou do meu olhar!


Seu sorriso

É como as cores das manhãs,

Os seus traços,

Como os sonhos que enfeitei;

Do seu jeito silencioso de falar

Vem-me a fome de esperar

Os milagres do amor!


Eu te queria

Caminhando meus caminhos,

Partilhando meus espinhos,

Confortando a minha dor...


Tantas andanças,

Corre-corre de crianças,

Alegrias incontidas,

Estilhaços da ilusão.


Muitas esperas

Salpicadas de incerteza

Determinam a beleza

E a nobreza da nossa missão.


Enquanto a vida

Vai passando embrutecida,

Alimento um sonho doce

Tão bonito quanto a paz!

****


(Letra de canção - Mailton Rangel)

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